Saiba como usar filmes e séries para estudar geografia para o Enem
Quais conteúdos de geografia estudar para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)? Na reta final para o exame, a principal porta de entrada para as universidades, professores dão dicas de como estudar usando filmes, séries e documentários.
Veja as dicas dos professores Cláudio Hansen é gerente pedagógico e professor de geografia e atualidades do Descomplica e de Sebastian Alvarado Fuentes, professor de geografia do curso pré-vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP).
"Quando o assunto é se dar bem em geografia no Enem, alguns tópicos precisam ser considerados. São eles: impactos ambientais e sustentabilidade; agropecuária; globalização e economia; e urbanização e geopolítica", explica Hansen. O educador indica algumas tramas que abordam estes tópicos e, ao mesmo tempo, nos mantém entretidos. Confira:
No campo da geopolítica, duas séries ilustram bem os bastidores de grandes operações sobre diferentes perspectivas e são superinteressantes: House of Cards, que mostra a construção política governamental nos Estados Unidos; e Jack Ryan, que mostra a atuação da inteligência militar contra o que os americanos entendem como grandes ameaças externas ao país.
Segundo Hansen, para a prova é preciso estar alinhado aos conceitos de sustentabilidade e das grandes questões ambientais. "Um documentário que mostra uma grande iniciativa é o Great Green Wall (A grande muralha verde), que não só traz a evolução do maior projeto de reflorestamento internacional, como retrata os impactos positivos de um desenvolvimento econômico e social alinhado às práticas sustentáveis", explica.
Outra trama recomendada dentro do campo da sustentabilidade é o documentário Brave Blue World, que fala da reutilização a geração de energia, mostrando como inovações podem ajudar a construir um modelo sustentável de uso da água, também merece um destaque.
As questões urbanas brasileiras são fundamentais para a prova de geografia e para o embasamento das discussões de redação, explica o professor. "Nesse campo, sugiro a série Impuros, que retrata o narcotráfico nas favelas cariocas. Já no contexto do específico do narcotráfico e da América Latina, a série Narcos é uma grande referência, abordando o cartel e o esquema comandado por Pablo Escobar", diz.
Já Fuentes, deixa claro que é fundamental frisar que não é o seriado que pode ser cobrado na prova. "Não haverá referência direta ao seriado que ele assistiu, mas, dos seriados, eles irão extrair alguma relação com o conteúdo aprendido em sala de aula", diz.
O professor também sugere alguns documentários que devem contribuir para o estudo do vestibulando na reta final.
The Crown, um seriado que fala sobre a família real britânica. "Tirando a questão da morte da Rainha Elizabeth II, porque isso não vai cair por uma questão de tempo, mas pode questionar como existem as questões familiares da família real. E, como a família real se portou nas questões geopolíticas", explica.
Ainda, de acordo com Fuentes, houve episódios em que a família real britânica foi visitar algumas colônias. "E aí vem o resultado da colonização, o aluno deve saber relacionar a ideia de colonização, da abrangência do Império Britânico e, ao mesmo tempo, do seu funcionamento atual com o parlamentarismo. É uma parte bem bacana de começar a perceber dentro desse seriado", destaca. Ele ressalta que o Enem não vai perguntar especificamente sobre o seriado, mas vai questionar sobre as colônias britânicas e é bom saber alguns exemplos.
The Handmaid’s Tale, um seriado que aborda a questão da religião na política, do seu autoritarismo. "Fala do machismo, envolvendo toda uma determinada sociedade. Avalio como um seriado com conteúdo carregado", comenta o professor.
Stranger Things: "é um seriado que já tem alguns anos, mas no último acabou ficando ainda mais popular. É uma ficção científica, que envolve uma história bem fantasiosa, mas é interessante apontar os elementos voltados à Guerra Fria", explica. "Então, como que, naquele momento, nós tínhamos um conflito muito interessante entre os Estados Unidos e União Soviética, e como esse momento de tensão entre essas duas grandes potências, é explorado na trama", conclui Fuentes.
Reta final: como organizar os estudos
Para ajudar os vestibulandos, o professor Augusto Silva, do Curso Anglo, explica que relacionar os assuntos pode melhorar a compreensão. "Por exemplo, o El Niño é um fenômeno oceano-climático, associado ao aquecimento anormal das águas centrais e superficiais do Oceano Pacífico. Isto decorre do enfraquecimento dos ventos alísios. Dentre suas consequências teremos alterações climáticas, como menor pluviosidade nas regiões norte e nordeste do Brasil, afetando atividades agropecuaristas", comenta.
Ele também destaca que o fenômeno afeta outros países:"o aquecimento das águas oceânicas decorrentes do El Niño reduz a ressurgência das águas litorâneas no Chile e Peru, afetando atividades pesqueiras."
Temas mais recentes (como Guerra na Ucrânia) serão dificilmente destacados na prova, avalia Silva. "Vale recordar temas dos últimos anos como crise imigratória, pandemia e disputas geopolíticas como, por exemplo, a relação entre China e Hong Kong, tensões geoeconômicas entre EUA e China, e conflitos no Oriente Médio como na Síria", comenta.
Outra dica valiosa do professor é o estudo por meio de mapas. "Estudar com mapas é semelhante quando utilizamos um dicionário. A maioria das pessoas não fica decorando as palavras e seus significados ao consultar um dicionário. Com o Atlas é semelhante, toda vez que estiver estudando e surgir uma dúvida importante sobre localização geográfica, busca no Atlas sua localização, buscando fazer algumas relações entre a área destacada e o conteúdo estudado", finaliza Silva.
O professor Caio Simas, coordenador do ensino médio da Eleva Barra, não dispensa fazer resumo. "Para estudar, é sempre importante ler e fazer resumos com contorno discursivo, de seis a oito linhas no máximo, mas com uma profundidade e um recorte. Fazer questões antigas também é muito importante para pegar o vocabulário das provas de geografia", explica. "Então é fundamental estudar com os recursos como interpretação de tabela, de gráfico, infográficos, etc. Expandir o conhecimento com e a leitura é o essencial", destaca Simas.
*Estagiários do R7, sob supervisão de Karla Dunder.