Especialistas veem 'contaminação' do Copom por pressões políticas após divulgação de ata de reunião

Roberto Campos Neto e Lula: para especialistas, a melhora da comunicação poderia acalmar os ânimos Reuters/Arte g1 A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (27) revelou uma divergência entre diretores do Banco Central sobre a possibilidade de abrir a porta para o início da queda da taxa de juros em agosto. A sinalização, cobrada por governistas, não apareceu no comunicado divulgado na semana passada, assim que saiu a decisão de manutenção da taxa de juros em 13,75%. Já o documento divulgado nesta terça cita que, na reunião do Copom foi "predominante" a visão de que o aperto monetário pode começar a ser afrouxado a partir de agosto. O Copom é um colegiado, formado pelo presidente e diretores do Banco Central, responsável por fixar os juros básicos da economia Segundo economistas e agentes do mercado financeiro ouvidos pelo blog, o Banco Central "escondeu" a divergência, que precisava ter ficado clara já na semana passada para demonstrar tecnicamente os possíveis desdobramentos da reunião. A divergência indica, segundo as fontes, um claro caminho para um início de ciclo de redução da Selic, até porque devem se somar à diretoria do BC dois novos integrantes indicados pelo presidente Lula – ambos tendem a votar por um início da redução na taxa de juros. Para fontes que conhecem o funcionamento do Copom, há uma contaminação do colegiado pelas pressões políticas, vindas do governo e de setores da economia, como empresários. A pressão do presidente Lula tem recaído diretamente sobre Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. A divergência entre os diretores fica explícita no trecho em que se debate se é prematuro neste momento reduzir o aperto monetário. "Nesse debate, observou-se divergência no Comitê em torno do grau de sinalização em relação aos próximos passos. A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião", diz parte da ata divulgada nesta terça. "Outro grupo mostrou-se mais cauteloso, enfatizando que a dinâmica desinflacionária ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário até então implementado", completa o documento.

Especialistas veem 'contaminação' do Copom por pressões políticas após divulgação de ata de reunião

Roberto Campos Neto e Lula: para especialistas, a melhora da comunicação poderia acalmar os ânimos Reuters/Arte g1 A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (27) revelou uma divergência entre diretores do Banco Central sobre a possibilidade de abrir a porta para o início da queda da taxa de juros em agosto. A sinalização, cobrada por governistas, não apareceu no comunicado divulgado na semana passada, assim que saiu a decisão de manutenção da taxa de juros em 13,75%. Já o documento divulgado nesta terça cita que, na reunião do Copom foi "predominante" a visão de que o aperto monetário pode começar a ser afrouxado a partir de agosto. O Copom é um colegiado, formado pelo presidente e diretores do Banco Central, responsável por fixar os juros básicos da economia Segundo economistas e agentes do mercado financeiro ouvidos pelo blog, o Banco Central "escondeu" a divergência, que precisava ter ficado clara já na semana passada para demonstrar tecnicamente os possíveis desdobramentos da reunião. A divergência indica, segundo as fontes, um claro caminho para um início de ciclo de redução da Selic, até porque devem se somar à diretoria do BC dois novos integrantes indicados pelo presidente Lula – ambos tendem a votar por um início da redução na taxa de juros. Para fontes que conhecem o funcionamento do Copom, há uma contaminação do colegiado pelas pressões políticas, vindas do governo e de setores da economia, como empresários. A pressão do presidente Lula tem recaído diretamente sobre Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. A divergência entre os diretores fica explícita no trecho em que se debate se é prematuro neste momento reduzir o aperto monetário. "Nesse debate, observou-se divergência no Comitê em torno do grau de sinalização em relação aos próximos passos. A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião", diz parte da ata divulgada nesta terça. "Outro grupo mostrou-se mais cauteloso, enfatizando que a dinâmica desinflacionária ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário até então implementado", completa o documento.